O IMPACTO ATUAL DA TECNOLOGIA NA INDÚSTRIA DA MODA

O IMPACTO ATUAL DA TECNOLOGIA NA INDÚSTRIA DA MODA

Na última temporada do São Paulo Fashion Week, em outubro de 2024, a marca de roupas Artemisi Gallery, da estilista capixaba, Mayara Jubini, foi aclamada por sua coleção que agregava a arte cinética à inovação tecnológica. Nota-se que cada vez mais a tecnologia assume o direcionamento das estratégias de produção e comunicação da indústria de moda e beleza. 

 

Economia Criativa

Entende-se por economia criativa, atividades ligadas às artes, expressões culturais, comunicação, criatividade, inovação e tecnologia, capazes de gerar valor econômico, social, ambiental, cultural e político. Neste sentido, a economia criativa compreende as 13 seguintes áreas: artesanato, arquitetura, artes e antiguidades, artes cênicas, moda, design, música, cinema, editorial, publicidade, televisão e rádio, vídeo games e software, de acordo com o “Creative Industries Mapping Document”, um documento que mapeava a indústria criativa britânica, de 1998. Dados divulgados pelo site do Governo Brasileiro, informam que a Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), revelou que a moda e o design geraram mais de US$ 2,5 trilhões em venda anuais em todo o mundo, segundo atualização em janeiro de 2022. 

 

A premissa de soluções tecnológicas e inovadoras, também pode ser implementada em áreas não originalmente criativas, como a agroindústria, por exemplo. Sustentabilidade, produtividade, rentabilidade, são uns dos vários pilares da economia criativa. 

 

Para além dos e-commerces

 

Quando se fala de tecnologia associada à moda, costuma-se pensar apenas na modalidade de comércio online, isto é, os e-commerces, que já estão bastante difundidos na configuração atual. Por outro lado, a inovação tecnológica extrapola os sites de venda. Ela está na concepção de ideias, na produção, nas embalagens, na comunicação de marca, na usabilidade do produto, entre muitas outras vertentes. 

De acordo com Glauceni Vasconcellos, professora e coordenadora do curso de Produção de Moda do Centro Estadual de Educação Técnica Vasco Coutinho, “As tecnologias necessariamente não precisam ser o uso de um bom celular ou de alguns apps, mas sim de um pensamento inovador. vejo como uma possibilidade de alinhar processos manufatureiros a algum mecanismo”.

 

Uso da Inteligência Artificial na comunicação de marca – Jacquemus

A grife francesa Jacquemus, parece entender o propósito da aliança entre moda e tecnologia como estratégia de comunicação de marca desde o princípio. O conteúdo eclético, espontâneo e criativo, se tornou atrativo e consequentemente, viral na era das redes sociais. O uso do surreal para transpor suas ideias ao público-alvo, se faz possível com o artifício da inteligência artificial, criando cenários e elementos gráficos que dificilmente seriam passíveis de reprodução na realidade. 

A utilização de CGI (Computer Generated Imagery) permitiu que a Jacquemus desenvolvesse imagens de: trem em formato de bolsa; itens de costura em tamanho gigante; cama que se movimento como carro, e muito mais. Aliando a fantasia ao imaginário do público amante de moda, a marca se destaca nesta era digital.

Reprodução: @jacquemus - Instagram

Coperni confecciona vestido de tinta em PFW

Em setembro de 2022, a marca francesa, Coperni, cujo nome faz referência à Nicolau Copérnico, promoveu um verdadeiro espetáculo na semana de moda de Paris. A supermodelo Bella Hadid chegou à passarela seminua, quando lhe foi produzido um vestido a partir de uma espécie de “tinta branca”, que em contato com a pele se transforma em tecido. O líquido continha fibras de algodão e sintéticas suspensas em uma solução polimérica que evapora ao entrar em contato com o corpo, podendo ser reutilizado pós uso. 

Para além deste verdadeiro show, a Coperni preza por criações tecnológicas também em seus produtos ready-to-wear, com bolsas feitas de vidro, aparelho de reprodução de cd’s e até mesmo, ar. Sua estratégia de comunicação de marca ainda usufrui de elementos, sendo vídeos ou fotos, criados a partir de IA, para promover ao telespectador a atmosfera desejada pela marca.

Reprodução: @coperni - Instagram

Artemisi aposta em tecnologia para celebrar a arte cinética

 

No dia 17 de outubro, ocorreu o desfile “Into the High”, da marca capixaba Artemisi, na 58ª edição do SPFW. Inspirada na arte cinética, uma corrente artística da metade do século XX, que combinava a utilização de técnicas e recursos visuais para criar movimento, as roupas possuíam aplicações de cristais, correntes, argolas, impressão 3D e até escultura motorizada. De acordo com a designer, Mayari Jubini, a coleção demorou meses para ser finalizada, devido a complexidade dos elementos e do processo de manufatura minucioso.

 

É importante lembrar, que para além das estruturas mirabolantes e ousadas, a tecnologia aplicada à moda se dá principalmente na produção de tecidos e fibras. “Hoje temos a melhor forma de produzir fibras naturais e sintéticas, com grandes máquinas […] Possibilitou a melhora dos materiais, criação de roupas inteligentes e sensoriais ”, afirma Glauceni.

Desfile Artemisi Gallery no SPFW58 Reprodução: @artemisigallery - Instagram

Para além da confecção de produtos físicos

A implementação da tecnologia na indústria de moda e beleza não está incorporada apenas no design e fabricação de produtos. Ela atua também na previsão destas possíveis tendências, nas estratégias de marketing, no atendimento e personalização do serviço ao cliente, no storytelling, etc.  Ainda de acordo com Glauceni, com o avanço da tecnologia, em 10 anos, o cenário da moda será de uma diminuição de profissionais costureiros e o aumento de operadores de máquinas. 

Nessa lógica , compreende-se que é imprescindível o alinhamento entre moda e tecnologia para o futuro desta indústria. 

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